Introdução, conceitos, visões e terminologia básica de RSA/RSE

Site: Plataforma de cursos MOOC IFRO
Course: Responsabilidade Social e Ambiental (RSA)
Book: Introdução, conceitos, visões e terminologia básica de RSA/RSE
Printed by: Invitado
Date: Tuesday, 14 October 2025, 11:11 AM

Description

Use as setas para avançar/retroceder entre as páginas...

1. Introdução

Vivemos em um mundo onde as decisões individuais e organizacionais impactam diretamente a sociedade e o meio ambiente... (continue a leitura após a imagem) 

Imagem ilustrativa que apresenta a introdução da unidade 1 - Compromisso ético de indivíduos e organização com a RSA

Imagem didática com escopo, parâmetros e ajustes dos autores do curso e apoio de IA. 

Por isso, torna-se cada vez mais necessário adotar práticas conscientes que promovam o bem-estar coletivo e a preservação dos recursos naturais.

Nesta unidade introdutória, você será convidado(a) a compreender os fundamentos da Responsabilidade Social e Ambiental (RSA) e da Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE), conhecendo suas origens, conceitos-chave e importância estratégica para pessoas, empresas e governos.

Exploraremos o que significa desenvolver de forma sustentável, quais são os compromissos que vão além do cumprimento legal, e como o engajamento voluntário em ações éticas e ambientais pode gerar valor para todos os envolvidos — os chamados stakeholders. Também abordaremos os principais instrumentos legais, como o EIA/RIMA e a Lei de Crimes Ambientais, além de apresentar visões críticas e práticas atuais sobre o tema.

Com exemplos práticos e linguagem acessível, esta unidade tem como objetivo proporcionar a você uma base sólida sobre os termos, conceitos e desafios que envolvem a atuação responsável no contexto social e ambiental. Ao final, você estará preparado(a) para entender como pequenas ações e decisões conscientes podem fazer grande diferença — tanto no seu cotidiano quanto no ambiente corporativo.

2. Breves referências teóricas sobre a RSA

📝 A proposta deste curso é bem pragmática, simples e acessível, pensada para atender a todos os públicos. Mas, apenas para "não pecarmos por omissão", eis um brevíssimo texto de apresentação da temática, a modo de referências teóricas que aparecerão sutilmente integradas no decorrer dos textos que compõem as unidade:  

 

A Responsabilidade Social e Ambiental (RSA)

É um conceito que reflete a consciência ética de indivíduos, empresas e instituições quanto ao impacto de suas ações na sociedade e no meio ambiente. Na prática, trata-se de incorporar valores sustentáveis às estratégias organizacionais, promovendo o desenvolvimento econômico sem comprometer os recursos naturais nem a qualidade de vida das gerações atuais e futuras (TACHIZAWA, 2015). 

Segundo Dias (2008), a responsabilidade socioambiental está diretamente ligada à ética corporativa e ao marketing ambiental, configurando-se como um diferencial competitivo nos negócios contemporâneos. Empresas socialmente responsáveis adotam posturas proativas na mitigação de impactos ambientais, investem em projetos sociais e promovem ações voltadas à preservação ecológica, ao mesmo tempo em que valorizam sua imagem perante os consumidores e a sociedade.

A abordagem educativa do Telecurso Tec (CENTRO PAULA SOUZA; FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO) reforça que ser uma empresa socialmente responsável vai além do cumprimento da legislação: implica um comprometimento voluntário com a transformação social e a sustentabilidade. Nesse contexto, a ISO 26000 surge como referência internacional, orientando boas práticas em responsabilidade social e contribuindo para a melhoria da governança, do ambiente de trabalho e das relações com a comunidade (TV CULTURA, 2012).

Materiais como os elaborados por Alves (2015) auxiliam na popularização do tema, com questionamentos reflexivos e exemplos práticos que permitem compreender, por exemplo, a importância da reciclagem, da logística reversa (GLOBO, 2013), e da metareciclagem de resíduos tecnológicos (JOVEM PAN). Esses aspectos apontam para a necessidade de práticas cotidianas mais conscientes e políticas públicas eficazes. A crítica social presente na animação MAN, de Steve Cutts (2012), evidencia os efeitos da exploração desmedida do meio ambiente, convidando à reflexão sobre os limites do consumo e da degradação ecológica.

Assim, o desenvolvimento sustentável — sustentado pelo tripé econômico, social e ambiental — deve ser compreendido como um caminho necessário para a sobrevivência planetária e o equilíbrio das relações humanas (DIAS, 2008; ZENONE, 2006). Além disso, a Responsabilidade Social e Ambiental pode ser considerada um importante tema transversal e multidisciplinar, aplicável a todos os cidadãos, independentemente de sua ocupação ou formação específica. Sua compreensão e prática são fundamentais para a construção de uma cultura coletiva voltada ao respeito socioambiental e à sustentabilidade em todos os níveis da sociedade.

 

Referências

ALVES, S. Responsabilidade Socioambiental: Questões para fixação. 2015. Disponível em <https://www.profsergio.net/questionario1.pdf>

ALVES, S. Exemplos de Materiais Recicláveis e Não Recicláveis. 2015. – Disponível em <https://www.profsergio.net/recicla-naorecicla.pdf>

CENTRO PAULA SOUZA – FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Telecurso Tec. Responsabilidade social e ambiental - Empresa Socialmente Responsável – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=xMLHFYHSHyo>

DIAS, Reinaldo. Marketing ambiental: ética, responsabilidade social e competitividade nos negócios. São Paulo: Atlas, 2008.

FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Telecurso Profissionalizante: Qualidade Ambiental: Estudo do Homem e do Meio Ambiente. S/D. – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=5ueMzZZ9zeQ>

GLOBO. Bom Dia Brasil: Logística Reversa. 2013 – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=MJwJFnes1qE>

GLOBO. Responsabilidade social e ambiental. – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=jtEAJgqyCoM>

JOVEM PAN. CPTI lança projeto de metareciclagem de sucata tecnológica. S/D. – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=kxxOyVtTWXE>

TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2015.

TV CULTURA. ISO 26000: Maior qualidade na produção com responsabilidade social. 2012 – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=pp_ERQAaEko>

STEVE CUTTS. MAN. 2012 – Disponível em <https://www.youtube.com/watch?embed=no&v=WfGMYdalClU>

ZENONE, Luiz Cláudio. Marketing social. São Paulo: Thomson, 2006.

3. Conceito de Responsabilidade Social e Ambiental (RSA) e sua relação com a Responsabilidade Socioambiental Empresarial

Responsabilidade Social e Ambiental (RSA) é o compromisso ético de indivíduos, organizações e instituições com o desenvolvimento sustentável, considerando os impactos de suas ações na sociedade e no meio ambiente.

Quando aplicada às empresas, transforma-se em Responsabilidade Socioambiental Empresarial (RSE), que é o conjunto de práticas voluntárias que vão além das obrigações legais, visando gerar valor social, ambiental e econômico. Essa postura favorece a imagem institucional, reduz riscos, aumenta a confiança dos stakeholders e contribui para o bem-estar coletivo.

🔹 Exemplo prático:
Uma empresa agrícola que utiliza energia solar em sua produção, adota práticas de cultivo orgânico (sem agrotóxicos), e investe na capacitação da comunidade local, promove o desenvolvimento sustentável ao equilibrar lucro, preservação ambiental e inclusão social.

Assista o vídeo a seguir (4 min.e 57 segundos)

 

 

Fonte: CENTRO PAULA SOUZA – FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Telecurso Tec. 
Responsabilidade social e ambiental - Empresa Socialmente Responsável 

4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável


Em 1987 a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento conhecida como Comissão Brundtland emitiu o relatório “Nosso Futuro Comum” que apresenta o Conceito de Desenvolvimento Sustentável.

É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Envolve a conciliação entre crescimento econômico, proteção ambiental e justiça social.

 

🔹 Exemplo prático:
A substituição de usinas termelétricas (que utilizam carvão, um recurso não renovável) por parques eólicos (que usam o vento, um recurso renovável) ajuda a preservar o meio ambiente sem interromper o fornecimento de energia. Oportuno registrar, que parques eólicos também devem ser previamente estudados (como veremos pouco adiante no tema “EIA”) quanto aos seus aspectos e impactos ambientais.
Além disso, o crescimento econômico baseado apenas em grandes empreendimentos urbanos, sem políticas de inclusão social, pode aumentar a desigualdade, beneficiando uma minoria enquanto populações vulneráveis continuam sem acesso a serviços básicos, contrariando o princípio do desenvolvimento sustentável.

5. Stakeholders: Conceito e Exemplo

A Responsabilidade Social e Ambiental tem como premissa o diálogo, envolvimento e a "escuta ativa" dos Stakeholders!

Stakeholders são todas as partes interessadas ou afetadas pelas ações de uma organização, como clientes, fornecedores, governo, comunidade, funcionários, investidores etc. Ou, em termos mais simples: “Stakeholders são todos aqueles que podem afetar ou serem afetados pelo empreendimento”.

Infográfico mostra organização no centro, conectada por setas a clientes, fornecedores, governo, comunidade, funcionários etc

Imagem didática com escopo, parâmetros e ajustes dos autores do curso e apoio de IA. 

🔹 Exemplo na Indústria de Beneficiamento de Couros:

  • Stakeholders: comunidades vizinhas (afetadas por odores ou resíduos), órgãos ambientais, trabalhadores, ONGs ambientais, compradores de couro, etc.

6. Pirâmide das Responsabilidades – ELEF

ELEF representa:

  • Econômica: gerar lucros.
  • Legal: cumprir as leis.
  • Ética: agir corretamente além das leis.
  • Filantropia: contribuir voluntariamente com a sociedade.

Pirâmide das responsabilidades. Da base ao topo, há reponsabilidade econômica, legal, ética e filantropia no topo.

Imagem didática com escopo, parâmetros e ajustes dos autores do curso e apoio de IA. 

🔺 A base da pirâmide é a responsabilidade econômica, seguida pela legal, ética e filantrópica no topo. Antecipando que, neste mesmo texto, falaremos também sobre a “pirâmide da sustentabilidade” e você verá que a base também é econômica! 

7. Visões sobre RSA (Responsabilidade Social e Ambiental)

  • Liberal: voluntária, visando benefícios à imagem e à competitividade.

  • Crítica: considera que empresas se apropriam da pauta ambiental/societária para mascarar interesses econômicos.

  • Política: entende a RSA como parte da governança, com envolvimento do Estado, sociedade civil e empresas.

8. Lei de Crimes Ambientais – Lei Federal nº 9.605/1998

Estabelece sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Aplica-se a pessoas físicas e jurídicas. Prevê penas como multas, restrições de direitos e suspensão de atividades. Para as empresas e aqueles que pretendem empreender, é fundamental conhecer e respeitar essa legislação é o primeiro passo para uma atuação responsável. Entretanto, a Responsabilidade Socioambiental Empresarial vai além do cumprimento legal, adotando práticas voluntárias que minimizam impactos e promovem o desenvolvimento sustentável.

🔹 Além da legislação federal, é importante lembrar que cada Estado brasileiro também pode instituir suas próprias normas ambientais, desde que respeitem os princípios da legislação nacional. Essas leis estaduais complementam as diretrizes federais e podem estabelecer exigências específicas conforme as características e necessidades regionais, reforçando o sistema de proteção ambiental no país.

🔹 Cada Estado tem autonomia para criar seus próprios órgãos ambientais e definir a estrutura de gestão ambiental mais adequada à sua realidade, o que inclui secretarias estaduais, conselhos, agências reguladoras e instituições fiscalizadoras. Essa descentralização fortalece o controle ambiental e permite respostas mais eficientes às demandas locais.

9. Estudo de Impacto Ambiental – EIA

O Estudo de Impacto Ambiental é um instrumento previsto na Política Nacional do Meio Ambiente que analisa, de forma preventiva, os efeitos que um empreendimento ou atividade pode gerar ao meio ambiente. 

No âmbito da Responsabilidade Social e Ambiental Empresarial, o EIA demonstra o compromisso da empresa em planejar suas ações considerando não apenas a viabilidade econômica, mas também a preservação ambiental e o bem-estar da sociedade. Ao realizar o estudo, a organização assume uma postura ética e responsável, prevenindo riscos, reduzindo danos e garantindo a sustentabilidade de seus projetos.

10. Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA

O Relatório de Impacto ao Meio Ambiente é a versão acessível e de fácil compreensão do EIA, elaborada para informar a sociedade sobre os impactos de determinada atividade ou empreendimento, suas consequências e as medidas de mitigação previstas.

Dentro da perspectiva da Responsabilidade Social e Ambiental Empresarial, o RIMA reforça a transparência e a participação social, permitindo que comunidades, órgãos públicos e demais interessados acompanhem as decisões empresariais. Assim, a empresa fortalece sua imagem ética, constrói confiança com seus públicos de interesse e demonstra compromisso com práticas socioambientais responsáveis.

11. Diferença entre cumprir dever legal e praticar a RSA

Cumprir a legislação é obrigação mínima, enquanto a RSA é uma postura proativa e voluntária que vai além da lei, envolvendo ações éticas e sustentáveis que geram valor para a sociedade.

🔹 Exemplo prático:
Uma empresa que trata seus resíduos conforme exige a lei está apenas cumprindo seu dever legal. Já uma empresa que, além disso, investe em projetos de educação ambiental nas comunidades onde atua está praticando Responsabilidade Socioambiental Empresarial.

12. Tripé do Desenvolvimento Sustentável

Representado por três dimensões interligadas:

  • Econômica: eficiência e lucratividade.

  • Ambiental: preservação dos recursos naturais.

  • Social: justiça e bem-estar da população.

O tripé da sustentabilidade, na forma de um banco, onde cada perna é respectivamente denominada: Econômica, Social, Ambiental

Imagem didática com escopo, parâmetros e ajustes dos autores do curso e apoio de IA. 

Dica: Há uma destas dimensões que é prioritária para viabilizar as outras duas. Pesquise e compare com o que abordaremos na Unidade II.  

13. Empresa como Sistema (Micro e Macroambiente)

  • Microambiente: fatores internos e imediatos da empresa (clientes, fornecedores, concorrência).

  • Macroambiente: variáveis externas como economia, cultura, legislação, tecnologia, meio ambiente, que influenciam indiretamente os negócios.

Ao ser vista como um sistema com micro e macroambiente, a empresa reconhece que suas decisões impactam — e são impactadas por — diversos agentes e contextos. Isso exige uma postura responsável e integrada com o meio em que está inserida, promovendo práticas socioambientais que fortaleçam relações sustentáveis com a comunidade, o meio ambiente, os parceiros e a sociedade como um todo.

14. 5R – Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Repensar e Recusar

Princípios da sustentabilidade que orientam o consumo consciente e responsável:

Reduzir: diminuir o consumo e o desperdício de recursos naturais e energia.

Reutilizar: prolongar a vida útil dos materiais, dando novos usos aos produtos antes de descartá-los.

Reciclar*: transformar resíduos em matéria-prima para novos produtos, reduzindo a extração de recursos naturais.

Repensar: refletir sobre hábitos de consumo e o real impacto das escolhas no meio ambiente.

Recusar: evitar produtos que geram resíduos desnecessários ou que sejam prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

* Nem todo material é reciclável. Seja por questão técnica ou por viabilidade econômica (quando os custos para reciclar determinado material não compensam). Por isso, veja alguns "Exemplos de Materiais Recicláveis e Não Recicláveis", nos materiais mais comuns e simples, que são o plástico e papel: https://www.profsergio.net/recicla-naorecicla.pdf (abrirá em uma nova janela de seu navegador).

15. Exemplos de Ações de Responsabilidade SOCIAL

  • Programas de inclusão social

  • Capacitação profissional gratuita

  • Apoio a escolas comunitárias

  • Campanhas de saúde preventiva

  • Valorização da diversidade cultural

16. Exemplos de Ações de Responsabilidade AMBIENTAL

  • Coleta seletiva de resíduos

  • Reflorestamento de áreas degradadas

  • Redução do consumo de água

  • Incentivo ao transporte sustentável

  • Uso eficiente de energia limpa

17. Conclusão desta unidade

Os temas abordados revelam que a Responsabilidade Socioambiental vai muito além do simples cumprimento da lei. Ela exige dos pretensos empreendedores, empresas e seus colaboradores (do mais alto executivo ao mais simples trabalhador) uma postura ética, estratégica e comprometida com o desenvolvimento sustentável. 

Compreender conceitos como os stakeholders, o tripé da sustentabilidade, a visão sistêmica da empresa, os instrumentos legais e os estudos de impactos socioambientais, e a Lei de Crimes Ambientais, além de adotar práticas conscientes como os 5R, é essencial para integrar objetivos econômicos com respeito ao meio ambiente e à sociedade.

Por oportuno, recomendamos que assista o vídeo a seguir (6 minutos e 45 segundos) 

 

 

GLOBO. Responsabilidade social e ambiental. 

Ao atuar de forma responsável, a empresa (e primeiramente você que está lendo este conteúdo) contribui não apenas para sua própria sustentabilidade, mas também para o bem-estar das gerações presentes e futuras. 

Para ajudar a "fixar" a sua compreensão, o infográfico a seguir relembra
ações sociais (à esquerda) e as ambientais (à direita).

Um painel dividido em duas colunas, com ícones representando as ações sociais (à esquerda) e as ambientais (à direita).

Fonte: Imagem didática elabora com apoio de ferramenta de IA, com escopo, parametrizações e ajustes definidos pelos autores do curso.