Roda de conversa

A andragogia, como abordagem educacional, ganha destaque na aprendizagem de adultos, reconhecendo a inadequação da pedagogia tradicional para atender às necessidades específicas desse público. Popularizada por Knowles em 1973, a andragogia é definida como a "arte e ciência de ajudar adultos a aprender", enfatizando a importância de técnicas educacionais distintas que vão além da simples transmissão de conhecimento. Essa abordagem reconhece a relevância da experiência como um livro-texto vivo do adulto que aprende, reforçando a ideia de Linderman (1926) de que "aprendemos com aquilo que fazemos".

No modelo andragógico, a relação entre professor e aluno é caracterizada pela responsabilidade compartilhada nos processos educativos. Perissé (2008) enfatiza a importância do professor auxiliar o aluno adulto a compreender a aplicação prática do conteúdo estudado nas suas experiências de vida.

A andragogia surge como uma alternativa à pedagogia clássica, tendo como foco a autonomia e a responsabilidade do aluno (DeAquino, 2007). A aprendizagem no modelo andragógico requer uma abordagem centrada no aluno, na independência e na auto-gestão do aprendizado. Reconhecendo a bagagem de saberes trazida pelo adulto escolarizado, a andragogia destaca a importância de aproveitar essa experiência na abordagem educacional. Além disso, enfatiza-se a importância de aplicar a andragogia na formação de professores, reconhecendo os alunos adultos como indivíduos livres e responsáveis.

Apesar de enfatizar a participação ativa do aluno, é crucial analisar como essa abordagem pode ser aplicada de forma eficaz e eficiente. A necessidade de o professor auxiliar o aluno adulto na aplicação prática do conteúdo em suas experiências de vida é um ponto digno de consideração, mas pode gerar desafios práticos e requer uma compreensão profunda das diversas realidades individuais, senão pode gerar uma sensação de sobrecarga sobre ao docente. Por sua vez, o aluno, ao ter que tomar decisões, e ainda acostumado com processos educativos centrados no professor, pode estranhar tanta autonomia, inclusive interpretando os desafios propostos como uma maior quantidade de tarefas a serem cumpridas. Dessa forma, a abordagem andragógica, apesar de promissora, deve ser aplicada de forma crítica e flexível para se adaptar às complexidades do ambiente educacional atual.

Em síntese, andragogia destaca-se como uma abordagem educacional promissora, enfocando a autonomia do aluno adulto na construção do conhecimento. No entanto, sua aplicação eficaz requer uma análise cuidadosa das dinâmicas individuais e compreensão profunda das realidades dos educadores e alunos. A ênfase na participação ativa e aplicação prática do conteúdo apresenta desafios práticos, podendo sobrecarregar os professores e causar estranhamento nos alunos acostumados a modelos tradicionais. Assim, a andragogia deve ser aplicada de forma crítica e flexível, adaptando-se às complexidades do ambiente educacional contemporâneo.

Referências bibliográficas:

DEAQUINO,   T.   C.   E. Como   Aprender:   Andragogia   e      as   habilidades   de aprendizagem. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2007.

KNOWLES,  M.  S. The  Adult  Learner:  The  Definitive  Classic  in  Adult  Education and  Human  Resource  Development,  6th  ed. San  Diego,  Califórnia,  USA,  Elsevier, 2005.